quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

SOU SENSÍVEL PORQUE SINTO por Murilo Chaves

Sou daqui, sou terra, sou chão.
Nasci das profundezas do magma, sou rei.
Sou a clava ardente, que ausenta o sossego. 
Sou a areia da praia que toca o desapego. 
Sou o macro, sou o micro, sou o mutável;
Sinto seiva, sinto sangue, sou lava.
Me faço do Núcleo até a Atmosfera;
Me faço de carne, osso e sangue.
E SOU SENSÍVEL, PORQUE SINTO!

Sou mundo, sou mar, sou rio.
Posso ser gota, neve ou arrepio.
Nasci para as necessidades de outrem.
Sou temperatura, sou incógnita.
Posso ser sólido, líquido ou gasoso.
Não tenho raça porque não sou singular.
Não tenho cheiro porque não encontrei o meu par.
Sou banho, sou sal.
Me faço do todo e me faço do nada.
E SOU SENSÍVEL, PORQUE SINTO.

Sou dança, sou vento, sou som.
Sou balanço, sou vai-e-vem, sou verde.
Cresci da terra, alimentei famintos, distribuí abrigos.
Sou o sentar, sou o guardar, sou sombra.
Sinto lava, sinto sangue, sou seiva.
Me faço da mágica do mundo;
Me faço da terra e dos vivos;
E SOU SENSÍVEL PORQUE SINTO.

Sou superfície, sou subterrâneo, sou ondas.
Sou frequência, sou dissonância;
Me faço dos detalhes, me faço dos sentidos;
Sou falar, sou ouvir, sou sentir.
Sou aquilo que alcança, sou aquilo que toca
Me faço de sensações, me faço de erupções.
E SOU SENSÍVEL PORQUE SINTO.

Sou prazer, sou descobrir;
Sou saber, sou emergir;
Nasci da necessidade do conhecimento
Nasci da íntima glória e do amadurecimento 
Sou da terra que me sustenta
Sou da água que me complementa
Sou do verde-folha que me alimenta e me perpetua
E as palavras? Se vão com o eco sagrado, é consagrado!
Sinto lava, sinto seiva, sou sangue!
Me faço de carne e osso
Sou ser humano.
E SOU SENSÍVEL PORQUE SINTO.