terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Vale Profundo

 


Monstro silencioso que nos resseca por dentro,
Seus tentáculos atingem nossa mente, coração e olhos,
Enevoa nossos sentidos tingindo de cinza nosso olhar.
Suas garras fincadas no coração apertam o peito sem cessar,
Tirando o fôlego e fazendo fugir o sono ao deitar.

Como vens sorrateira, fera ignóbil!
Instala-se sorrateira, quase imperceptível 
Desbotando as cores vívidas outrora vistas.

Paralisa os movimentos que antes eram dança.
Pesa como chumbo o que antes eram asas.
Torna silente aquilo que soava festa.

Fiz eu por merecer tão triste castigo,
ou apenas destino inexorável é esse fardo?

Não sei. Só sigo levada submersa por essa longa vaga-vida.