sábado, 5 de maio de 2012

Um conto poético cibernético


Na madrugada entre barulhos juvenis,
E o silêncio de cobertas desarrumadas
Estamos nós, tão longe e tão próximos...
Perdendo e encontrando palavras
Entrecortadas...
Pelos pensamentos conectadas...

A solidão e a solitude se misturam
Ao vento frio e o aconchego da cama vazia
Aventuras e desventuras
Promessas feitas aguardando, talvez coragem...
Para se lançar, no vôo solitário

Aventuras modificadas, moderadas, modeladas,
Num molde que a moral, ética e estética determinam.

Mas a aventura renova...
É o que dizem os especialistas
Num botequim na sexta feira...

Sonhos... que bom seria aqui e agora...
Pegar um avião, um foguete, uma astronave
E aportar ao lado de uma xícara de café forte
Contando segredos, sem medos...

Mas temos a realidade, dura, digital!
Que não flexibiliza os sonhos...
Sonhos de neve, de alturas...
De belezas incomparáveis

Como belas são as pessoas,
Todas, sem exceção.
Sejam princesas, bruxas, plebeias.
Como belo é o poema,
Da repentina aparição

Do passe de mágica do encontro
Da descoberta mais inusitada
Do perscrutar cuidadoso da alma

Mas é preciso cuidado...
A proteção está aí, encrustada
Encalacrada, sedimentada
Rompe-la a força seria um desastre

Então, falemos de amenidades...
Estudo, trabalho, religião, fé...
Opa! Terreno perigoso...
Vamos tateando, é melhor.
Vamos falar dos sonhos da princesa...
Ou do infante, aquele que tem certeza de onde vai.
Nem tanta... também está inseguro, inquieto
Encantado...

Pelo canto da sereia?
Pelo devaneio da poeta?
Pela bruxa boa que o enfeitiçou?
Pela escultura de Pigmaleão talvez...
Que de tão perfeita, tomou vida
E se rebelou contra o criador
Que já estava irremediavelmente apaixonado por ela

Por seus labirintos,
Por sua imagem refletida no espelho
Que pode aniquila-lo se contemplada face a face

Haverão outros?
Quantos mais encontraram
Essa princesa tão encantada?

Nenhum deles chegou tão perto
Tão arrebatadoramente perto
Tão amedrontadoramente perto.

Por isso se lança corajoso
Dando vasão aos desejos mais carnais
Animais

Sente o corpo dizer que está vivo
Pode sentir o cheiro dessa vida no ar
Dessa loucura momentânea

Mas o sol já toca a janela da princesa
E a noite fria toma conta da alma do infante
Precisam se despedir

Pois a miragem já começa se dissipar
E para que não se esvaneça
É melhor dormir
Com o gosto de pitanga na boca
Numa madrugada fria de sábado

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