sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O que falar?...



O que falar dessa dor 
Aguda, afiada, atrevida?
Dizem: cada dia com seu mal

E que a vida,
Essa é nova, 
Nova todo dia

Quem sabe um dia
A novidade da vida
Chegue até mim

E leve embora
Tudo isso que passou
E é passado...

Desatino



Dói o respirar
O ar que entra
Está carregado de espinhos e mágoas
Entra rasgando por dentro

O peso encurva
Enverga
Ignora
Devora

A janela da alma
Por instantes se fecha
E a alma se recolhe
Se encolhe

Melhor é o silêncio agora.
Silenciar para não chorar
Pois as lágrimas
São lâminas cortantes

Queimam como fogo
Cauterizam como gelo
Traem os ouvidos
Moem os sentidos

Que são sentidos
Mais que o normal
Tornando habitual
Esse desatino






segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Alma Manca
















Minha alma sofreu um acidente.
O impacto foi imenso.
Logo veio a inexorável notícia:
Ela ficaria tetraplégica!
Minha alma ficou em choque...
Como conseguiria viver sem andar?
Sem se mover?

Amigos foram terapeutas...
O trabalho foi a muleta,
Filhos, a razão para continuar...

Aos poucos minha alma voltou a andar...
Mas ficará manca para sempre.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Late Blooming Rose



Cores esmaecidas...
Talvez seja a última esperança
De florir

Mas a Rosa desbotada
traz dentro de si
O universo de desejos coloridos

E a alma da flor desabrocha
em cores pálidas
Buscando no íntimo da terra
Razões para sorrir

Talvez as razões não estejam na terra
E sim as encontre dentro de si mesma
Pois o próprio fato de ser rosa
Pode transformá-la numa eterna primavera

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Jardim

Noite, lua, estrela, solidão.
Flor, jardim, cheiro, alegria.
Sol, calor, amor, folia.
Chuva, silêncio, frio, agonia.

Permanentemente instável,
Sigo irremediavelmente íntegra,
Recolhendo os pedaços espalhados
Deste coração dilacerado.

Mas tento me espelhar
Naquilo e naqueles olhares
Que tão perdidos estão
Em busca de uma razão

De ser, de estar, de viajar
Nas palavras emoções,
Que possam ser achadas
Em outros corações

sábado, 11 de agosto de 2012

Essência de Terra



Detive meu pensamento
Numa jabuticabeira plantada
Em uma terra que por anos
Esteve coberta por  cimento

Retirei blocos de cimento
Debaixo dos quais estava a terra sufocada
Sem ver a luz do sol.
Pensei ter ela perdido a sua essência de terra

Enganei-me.
A Jabuticabeira está brotando
Verdinha que dá gosto!
Sem suspeitar de nada

Quiçá meu coração
Siga o exemplo da terra
E possa manter sua essência de vida
Mesmo tendo sido soterrado por decepções

terça-feira, 31 de julho de 2012

ALGUMAS FORMAS DE FAZER POESIA (Por Augusto Aguiar)













Poesia se faz na alma, com calma, com amor, com sabor. 
Poesia se faz para o outro: às vezes aos poucos; outras, num tempo louco.
Poesia se faz para as coisas marcantes, flagradas pelo olhar errante. 
Poesia se faz para as alegrias: algumas atuais; outras tardias.
Poesia se faz na dor: do amor, da vida, do corpo, da alma.
Poesia se faz debruçado sobre a esperança, ouvindo a Razão e o coração: eterno confronto entre o Geométrico e a Emoção.
São formas de fazer poesia. Mas como ando sempre na contramão, prefiro agarrá-la pela Emoção.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Aprendi algumas coisas imprescindíveis com minhas amigas,
que talvez não aprendesse em ocasiões corriqueiras,
pois, como sempre fazemos, não costumamos nos dar conta
das lições preciosas que as pequenas coisas, tidas por vezes como insignificantes
podem nos premiar com lições de vida que nos fazem crescer como pessoa.
Aprendi:
"DÊ!
e que cada doação seja propositiva, incisiva,
Como um quadro de nanquim sobre o alvo papel
que esse quadro seja desenhado elegantemente em traços finos
ou mesmo com a relativa deselegância de um borrão,
mas que ao final pintam uma imagem firme, inabalável
mas que só pode ser apreciada por quem tem sensibilidade
para discernir todas as nuances que o branco e preto podem criar...
LE-IA!
as entrelinhas de cada expressão, de cada olhar
leia o que está oculto por tras do sereno lago
de colorações esmaecidas, aperentemente sem viço
mas que guardam em sua profundidade batalhas travadas
verdadeiras guerras sem proporção por se manter o equilíbrio
FA-ÇA!
a ação é capaz de nos inspirar à vida!
Não nos permite sucumbir aos caprichos
de nosso egoísta eu.
Essa ação é voltada ao outro, com prazer
com leveza, com destreza,
incansavelmente, coloridamente
como um arco iris descontrolado
SU-BA
Mesmo estando embaixo, abaixo, cabisbaixo
ache um jeito de subir, de crescer
com poucos recursos que sejam
mas com sonhos, com garra, com vigor
sonhando com a caminhada,
que nem sempre é dourada
SO-NHE!
Sonhinho, ou sonhão
valorizados igualmente
pois o mais importante não é o tamanho,
mas a capacidade de sonhar, de sorrir
de superar, ser rosa por fora e tigresa por dentro
de ser bonita por dentro e por fora
Essas são as lições que essas
Amigas, confidentes, sorridentes,
queridas, aguerridas, feridas
Lutadoras, amadoras, não no sentido profissional
Mas como mulheres que se aperfeiçoaram no ofício de amar
me ensinaram.

domingo, 15 de julho de 2012

Almas que Amam


Almas que amam
Pelo único motivo plausível
Pelo simples fato de existirem
E terem o profundo desejo de ser

Porque o ser e o amar
Se aproximam 
Se misturam
Se esbarram
Se chocam
E ambos se entrelaçam 

Surgindo no que há de mais doce
E intrepidamente, poeticamente
Cresce, explodindo em mil cores,
Mil amores sem nexo,
No plexo
Tentando fazer-se vivo

Mas se viver
Morrerá certamente
Pois a alma e o amor
São como dois corações entrelaçados
Despedaçados
Procurando um jeito de se encontrar

Que talvez nunca encontrarão.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

A Graça da Vida





Graça é aquilo que é dado
O riso frente ao inesperado
O espontâneo encontro marcado
Pelo acaso mais inusitado

A vida é aquilo que nos é dado,
Pelo mais puro amor abençoado
Trazendo pra perto o legado
Que todos temos a nós determinado

Penso muito sobre o que nos é creditado
Em uma conta talvez por algo condicionado
Que temos,  com o grito calado 
 Viver no nosso dia a dia agitado

Um ser é extremamente abençoado
Enquanto outro vive desconsolado
Não faz por merecer nenhum dos dois o seu bocado
Pois nada existe de justificado.

Mas tenho aprendido sobre ser abnegado,
Aceitar tudo de bom grado
O que é bom e adocicado
Tanto quanto o que me deixa agoniado

Pois a graça da vida por demasiado
Nos leva a compreender seu postulado
Que o nosso viver é nosso por um lado
Mas na verdade para o outro é destinado.

Tenho vivido todo dia ensolarado
Ou aquele extremamente nublado
Ensinando e aprendendo apoiado
No que o outro me traz de aprendizado

Obrigada Kiko, por me mostrar o dia ensolarado por traz das nuvens
Ensinando quanto uma vida pode ser útil para outra.




quinta-feira, 14 de junho de 2012

A Voz da Dor


A dor fala...
Insistentemente
Impacientemente
Ela fala, e fala alto...

A dor não quer calar
Ela reclama seus direitos
De doer mais e mais
Sem sequer uma trégua dar

A dor grita,
Quer ser ouvida
Não nos permite dormir...
No peito cansado se agita

A dor geme
Sussurra doída
Dentro do coração sofrido
Até que ouçam seu gemido

A dor clama
Chama, brama, 
Quer respostas
Que nem sempre vêm

A dor tem voz
A dor é algoz
Quer escravizar, massacrar
Até nada sobrar

O desafio então
É apesar da insistência,
Não permitir que a dor
Determine o rumo da existência

domingo, 27 de maio de 2012

Sina de Poeta



O poeta tem por obrigação poetizar
Assim como temos por grata missão respirar
É assim como minha sina, desde menina
Buscar acalanto em meio a tanto desencanto

Faço isso por gosto, de forma natural
Como da goiabeira o produto final
Pois a goiaba em si não se acaba
Se a raiz forte não dê seu suporte

Descubro portanto que minha raiz é forte
E é com certeza quem sempre me deu o norte
Na busca da melodia as vezes arredia
Da perfeita rima que a vida ensina

Sim, porque a poesia é a melodia
De todas as palavras do dia a dia
Tantas que ao poeta são mantras
Pois insistentes ficam latentes

E não sossegam até nascer
Como me fossem um amanhecer
Vão luzindo e ao poeta seduzindo
Para suas mãos usar e poder voar


sábado, 5 de maio de 2012

Um conto poético cibernético


Na madrugada entre barulhos juvenis,
E o silêncio de cobertas desarrumadas
Estamos nós, tão longe e tão próximos...
Perdendo e encontrando palavras
Entrecortadas...
Pelos pensamentos conectadas...

A solidão e a solitude se misturam
Ao vento frio e o aconchego da cama vazia
Aventuras e desventuras
Promessas feitas aguardando, talvez coragem...
Para se lançar, no vôo solitário

Aventuras modificadas, moderadas, modeladas,
Num molde que a moral, ética e estética determinam.

Mas a aventura renova...
É o que dizem os especialistas
Num botequim na sexta feira...

Sonhos... que bom seria aqui e agora...
Pegar um avião, um foguete, uma astronave
E aportar ao lado de uma xícara de café forte
Contando segredos, sem medos...

Mas temos a realidade, dura, digital!
Que não flexibiliza os sonhos...
Sonhos de neve, de alturas...
De belezas incomparáveis

Como belas são as pessoas,
Todas, sem exceção.
Sejam princesas, bruxas, plebeias.
Como belo é o poema,
Da repentina aparição

Do passe de mágica do encontro
Da descoberta mais inusitada
Do perscrutar cuidadoso da alma

Mas é preciso cuidado...
A proteção está aí, encrustada
Encalacrada, sedimentada
Rompe-la a força seria um desastre

Então, falemos de amenidades...
Estudo, trabalho, religião, fé...
Opa! Terreno perigoso...
Vamos tateando, é melhor.
Vamos falar dos sonhos da princesa...
Ou do infante, aquele que tem certeza de onde vai.
Nem tanta... também está inseguro, inquieto
Encantado...

Pelo canto da sereia?
Pelo devaneio da poeta?
Pela bruxa boa que o enfeitiçou?
Pela escultura de Pigmaleão talvez...
Que de tão perfeita, tomou vida
E se rebelou contra o criador
Que já estava irremediavelmente apaixonado por ela

Por seus labirintos,
Por sua imagem refletida no espelho
Que pode aniquila-lo se contemplada face a face

Haverão outros?
Quantos mais encontraram
Essa princesa tão encantada?

Nenhum deles chegou tão perto
Tão arrebatadoramente perto
Tão amedrontadoramente perto.

Por isso se lança corajoso
Dando vasão aos desejos mais carnais
Animais

Sente o corpo dizer que está vivo
Pode sentir o cheiro dessa vida no ar
Dessa loucura momentânea

Mas o sol já toca a janela da princesa
E a noite fria toma conta da alma do infante
Precisam se despedir

Pois a miragem já começa se dissipar
E para que não se esvaneça
É melhor dormir
Com o gosto de pitanga na boca
Numa madrugada fria de sábado

quinta-feira, 3 de maio de 2012

De novo a esperança vã...



Jasmim em flor
Alma em dor.
Quanto mais esperar,
Enquanto nada vislumbrar?


Pensava eu ter encontrado
Talvez o infante encantado.
Insana mente embotada
Pela poeira da estrada

Estrada esta que, vaga
Permeia e corta a saga
De solitária viajante,
Da vida errante

Errante sim, porque erra,
Pois, o erro no humano se encerra.
Porém o erro na busca do certo,
Pode trazer o coração mais perto.

Quanto mais vou errar
Por em vão esperar?
Talvez, por certo até morrer
Pois só assim consigo viver

Na espera, na busca, o alento
Que se transforma em sentimento,
Na capacidade de sentir o insensível
E de vislumbrar o invisível.

E vou vivendo assim, a cada momento,
Esperando, buscando, no meu recolhimento,
A falsa proteção que o espaço propicia
E que o tempo mais e mais distancia

Esta proteção imaginária,
Que minha alma solitária,
Pensa ter concretamente
Não passa de uma ilusão somente

Pois cada vez que pensa ser possível
O encontro com esse ser inverossímil
Desaba na dura realidade
Que é a sua real e pura soledade.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

NOS BRAÇOS DO PAI

Busco à minha volta
Razão outra para alegrar-me
Já que a que havia, findou-se

A alma olha o céu pesado  
E encontra somente o preto e o nada
Matizando-se em cinzento

Hoje, vagando no deserto
Cada gota de orvalho é torrente
Cada nuvem é esperança

Razão, então para a alegria,
Encontro muitas, outras tantas
Que nem me atentava quando saciada

Olho por todos os lados
Vislumbrando cada oportunidade
De ser um pouco mais feliz

Talvez para outrem
Isto seja pouco, quase nada
Se acostumado está com a saciedade

Mas é tudo, é pleno,
Para uma alma que na dor foi ensinada
A nos braços do Pai encontrar pousada

sexta-feira, 23 de março de 2012

Nossas Mãos



Mãos macias, temos.
Mãos de cura, talvez eu tenha...
Mãos fortes são as tuas

Fortaleza que nem sabes que tens
Pois está oculta por trás de tua fragilidade.
Fragilidade que  revela
O mais humano que trazes no peito

Neste peito dilacerado
Restaurado, armado
Com essa armadura
Que tanto te protege, quanto te expõe

Mãos macias como macios são os lábios
Que falam mansos sobre tempos
Passados inda tão presentes

Soldado ferido,
Não fujas mais
Não pare de lutar

O General te espera ansioso
Para diante da vitória te abraçar

sexta-feira, 9 de março de 2012

Reflexões


          Bernardo Cid -  "Reflexões"

Como posso estar tão feliz?
Como pode tão plena sensação existir?
Não sei responder.


Também não sei por que precisamos buscar
Respostas tantas para tantas questões
Não seria mais fácil somente sentir?


Se assim é, então permito-me sentir:


A doce brisa no meu corpo nu
A doce calma em minha desnuda alma
O brilho da luz que da lua salta
Ao olhar da viajante solitária


E sentindo isso tudo descubro o que é belo e bom:


Bom é desnudar-me o corpo e alma
Bom é olhar mesmo que solitária


Também é belo olhar os olhos
De tantas outras almas solitárias igualmente
Mesmo que no meio de tanta gente


Bom mesmo é pulsar
Pular, correr, falar
Gritar, chorar, rir e amar


E acima de tudo
Belo é viver



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Inspiração




Inspirar é sentir o perfume da alma
É ouvir atentamente com toda calma
O silêncio atordoante da quietude
Que experimentamos na profunda solitude